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MULHERES DA ÁGUAS DE MANAUS CONQUISTAM ESPAÇO EM FUNÇÕES QUE ANTES ERAM VISTAS APENAS COMO "TRABALHO DE HOMEM"


A água tratada que abastece as zonas Leste e Norte de Manaus, chega às torneiras de mais de 600 mil moradores da cidade com um toque feminino. A técnica em química Karla Patrícia Mascarenhas, 31, cuida de cada detalhe na Estação de Tratamento de Água (ETA) da Ponta das Lajes, que abastece as regiões mais populosas da capital. Karla é a única mulher entre os 44 operadores de ETA da concessionária Águas de Manaus. Ela entrou para o quadro de colaboradores da empresa no começo do ano e se destaca em um cargo que ainda é muito ligado ao universo masculino.

Entre as responsabilidades que Karla carrega diariamente, estão algumas funções essenciais para a manutenção da Estação da Ponta das Lajes: monitorar a produção da água tratada, controlar as dosagens de produtos químicos que atuam no tratamento da água e os processos de limpeza da ETA, além de documentar todos os dados do processo de tratamento durante seu turno. “Fiquei sabendo que não havia mulher atuando nesta área na empresa. Isso me deixou ainda mais empolgada com o desafio. Sempre é bom ter uma ‘barreira’ para gente superar. Sei que tenho uma responsabilidade enorme em minhas mãos, mas, ao mesmo tempo, me sinto satisfeita em saber que meu trabalho contribui para a qualidade de vida na cidade”, disse Karla. Ela, inclusive, consome a própria água que ajudou a tratar, pois é moradora do bairro Cidade de Deus, que é abastecido pela ETA Ponta das Lajes. Ao longo do dia, 198 milhões de litros são captados, tratados e distribuídos a partir da estação.

Karla espera que sua história inspire novas mulheres a ingressar na carreira e em diversas funções ligadas ao saneamento básico. “Na faculdade mesmo, eu já estudava com poucas mulheres. Os homens ainda são maioria na área, mas eu nunca vi isso como uma dificuldade. Por isso, quero que a mulherada se inspire e não tenha medo de fazer o que deseja, mesmo que precisem derrubar qualquer barreira. Tem que ter eletricista mulher, química mulher, motorista de caminhão... a mulher pode exercer toda função que quiser no mercado de trabalho”, disse a operadora de ETA.

DE PORTA EM PORTA 

Rute Chagas Paulino, 47, trabalha há dois anos na empresa. Já atuou em funções administrativas, mas sempre teve um objetivo dentro da empresa: se tornar uma leiturista. Para uma pessoa que se descreve como “apaixonada pela rua”, ela está na função ideal. Diariamente, Rute percorre as ruas da cidade, visitando as casas e conferindo hidrômetro por hidrômetro, imprimindo e entregando as faturas no mesmo instante nas mãos dos clientes.

Faça chuva ou faça sol, Rute cumpre sua rota diariamente com um sorriso no rosto. Em média, são cerca de 450 faturas impressas por dia. “Me sinto honrada nesta função. Nós, leituristas, temos a responsabilidade de fazer a ponte entre empresa e cliente através da fatura. Isso é muito importante. É um trabalho onde a gente anda bastante e conhece gente pela cidade inteira. Chego aqui, faço minha parte e volto pra casa feliz”, reconhece a leiturista, que é moradora do bairro da Cidade Nova, na zona Norte.

Entre os 80 leituristas que a Águas de Manaus possui atualmente, há apenas duas mulheres, que são Rute e sua irmã, Ana. O fato, é visto como uma motivação para Rute durante o trabalho. “Somos duas mulheres em meio a um universo de homens, mas, não tenho problema nenhum em provar que também sou capaz disso. De vez em quando, alguns clientes acham estranho quando me veem realizando a leitura, ou perguntam como é encarar essa rotina pelas ruas. Sempre respondo que faço tudo isso, cuido de casa, vou pra academia e ainda estudo em um curso técnico de enfermagem. Uma mulher é capaz de realizar tudo o que ela quiser”, afirma Rute.

DE OLHO 


A Águas de Manaus monitora, a partir do seu Centro de Controle Operacional (CCO), todo o sistema de abastecimento da capital amazonense. O CCO fica na sede da concessionária, no bairro do Aleixo. 

No segundo semestre do ano passado, o CCO passou também a contar com um novo sistema, chamado CFTV, que instalou câmeras e alarmes em locais como reservatórios, estações de tratamento, poços e elevatórias da empresa. Diante de qualquer “movimento suspeito” dentro destas unidades, as equipes de vigilância da concessionária são acionadas para atuar. Isso já permitiu, por exemplo, diminuir casos de furtos e vandalismo dentro das unidades.

Para manter o CFTV ativo 24h, uma equipe de operadores de videomonitoramento se reveza na função de “ser os olhos humanos” do sistema. Entre estes operadores, estão as colaboradoras Solange dos Santos e Francisca Carla Alencar. “Nossa função é importante e me sinto muito valorizada em colaborar para manter o sistema funcionando. Um cabo furtado dentro de uma estação, por exemplo, pode causar uma série de transtornos para a população. Por isso, estamos sempre atentas. Ter duas mulheres atuando nesta equipe mostra a capacidade feminina de se adaptar a qualquer cenário”, disse Francisca.

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