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DEZ DIAS DE ALTA DOSAGEM DE CLOROQUINA LEVANTOU BANDEIRA VERMELHA EM PACIENTES DO AM, DIZ PESQUISA


Um estudo brasileiro com a cloroquina foi interrompido por razões de segurança depois que pacientes com coronavírus que tomaram uma dose elevada — considerada a necessária para, em tese, bloquear a multiplicação do coronavírus — apresentaram como efeitos colaterais arritmia e tiveram aumentado o risco de sofrer um ataque fatal do coração. As informações são do jornal O Globo.

O estudo foi realizado com 81 pacientes internados em Manaus por pesquisadores da equipe CloroCovid-19, integrada por cientistas de 21 instituições e liderado pela Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado, do governo do estado do Amazonas.

No artigo, eles destacam que “num grupo maior de pacientes, descobriram que a alta dosagem de cloroquina por dez dias levantou bandeiras vermelhas sobre a sua toxicidade”.

Ao mesmo tempo, não encontraram evidências significativas de que a alta dosagem da cloroquina reduziu significativamente a replicação do coronavírus.

O uso amplo de cloroquina e hidroxicloroquina como profilaxia e tratamento da Covid-19 foi desaconselhado hoje oficialmente pelas duas mais importantes entidades de médicos e cientistas do Brasil. Em nota conjunta, a Academia Brasileira de Ciências (ABC) e a Academia Nacional de Medicina (ANM) alertam “que o uso indiscriminado da CQ e HCQ, no atual momento, não está apoiado em achados científicos robustos e publicados nas melhores revistas cientificas mundiais”.

As duas academias destacam que “enquanto não estiverem disponíveis os resultados dos estudos clínicos que estão sendo conduzidos em todo o mundo com esses dois medicamentos, testando um número adequado de pacientes, de acordo com as melhores práticas cientificas, seus usos no tratamento de pacientes portadores da Covid-19 devem ser restritos a recomendações de especialistas com consentimento do paciente ou de sua família e cuidadoso acompanhamento médico”.

O temor dos especialistas são os efeitos colaterais dos dois remédios, principalmente, para pacientes com doenças cardiovasculares, diabetes e câncer, justamente os grupos mais vulneráveis ao coronavírus.

O estudo do francês Didier Raoult, que deu origem à onda de interesse nas duas drogas, está sob investigação da editora da revista científica que o publicou, a Elsevier, informou hoje o site Retraction Watch, que denuncia fraudes em ciência.

Diretor de operações da Organização Mundial da Saúde (OMS), Michael Ryan disse em entrevista coletiva desta segunda-feira que a cloroquina e a hidroxicloroquina são medicamentos licenciados em todo o mundo e com muitas indicações – para tratar doenças como malária e doenças crônicas específicas – e que, nestes pacientes, há bons resultados, salvando vidas.

Por outro lado, afirmou que ainda não há “evidência empírica” o bastante que prove sua eficácia no tratamento de infecções por coronavírus.

De acordo com ele, há diversos estudos em curso sobre o uso da droga, mas que ainda aguardam os resultados dos testes. E que há potencial nela, mas que é preciso precaução com relação aos seus efeitos colaterais.

Os testes com hidroxicloroquina realizados por um grupo de pesquisadores no Amazonas revelam que o coronavírus se manteve no sistema respiratório de pacientes em estado grave mesmo após o tratamento experimental.

Um grupo de 81 pessoas infectadas passou pelo tratamento em que a hidroxicloroquina é combinada com a azitromicina, com o objetivo de se descobrir se o uso da substância é seguro, eficaz e qual dose seria mais adequada. Quando expostos a doses mais altas, pacientes também apresentaram arritmia cardíaca.

A pesquisa é financiada pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoas de Nível Superior (Capes), ligada ao Ministério da Educação, e também pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam).

“O que a gente viu até agora é que a cloroquina está tecnicamente empatada com não usar cloroquina. Esse foi, digamos, o resultado baseado nesses 81 pacientes que foram observados pela nossa equipe. O número de pacientes que esperamos colocar é maior, para que essa margem de erro diminua e a gente possa ver se há algum efeito”, afirmou o pesquisador Marcus Lacerda, médico da Fundação de Medicina Tropical e da Fiocruz Amazonas.

Fonte: Globo

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