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FAMILIARES PEDEM MAIS HUMANIZAÇÃO EM SEPULTAMENTO DAS VÍTIMAS DE COVID-19 EM MANAUS


Por conta da pandemia do novo coronavírus e para evitar o risco de contaminação, as cerimônias de sepultamentos em Manaus pacientes mortos por Covid-19 seguem inúmeras recomendações dos órgãos de saúde. Uma delas é manter um número de restrito de pessoas que acompanham o sepultamento. Outra é a distância. No Cemitério Parque Tarumã, alguns familiares não conseguiram entrar no local, que sofre com lotação de visitas.

Desde 9h desta sexta-feira (24), dezenas de familiares e amigos se concentraram em frente ao cemitério na tentativa de entrar no local para acompanhar o sepultamento de diferentes pessoas, mas foram barrados. A Prefeitura de Manaus determinou que apenas cinco pessoas por família participem da cerimônia.

Já são mais de 230 mortes no Amazonas por Covid-19. O estado registra mais de 2,8 mil casos confirmados de Covid-19, conforme boletim divulgado, nesta quinta-feira (23).

Manaus, que concentra a maior parte dos casos confirmados no estado, teve recorde de enterros realizados em um único dia na terça-feira (21), quando 136 sepultamentos foram feitos na capital. A prefeitura já cavou valas comuns no cemitério para conseguir receber os pacientes mortos pela Covid-19.

Na portaria do cemitério, a segurança do local pede documentos de identificação de familiares e controla rigorosamente a entrada e saída de pedestres e veículos. O fluxo é intenso o dia inteiro.

A movimentação no local iniciou de 9h às 11h30 desta sexta-feira (24). Nesse tempo, mais de 20 carros de funerárias entraram no cemitério.

Logo na entrada do cemitério, em um dos primeiros blocos, um grupo de agentes funerários carregavam um caixão e realizaram o sepultamento de uma pessoa. A família, que estava há cerca de 30 metros de distância, esperou o trabalho ser finalizado para, assim, ir até a sepultura se despedir.

Uma das pessoas que estava do lado de fora dos portões era a engenheira Simone de Sousa, de 32 anos, que perdeu o irmão, um homem de 45 anos. Ela ficou ao lado de fora para dar vaga à tia, que quis se despedir do sobrinho. Ela reclamou da demora para sepultar o irmão.

"Entendo os riscos que se tem em uma aglomeração, mas acho uma falta de respeito e humanidade ficarmos ao lado de fora esperando. O sepultamento estava marcado para 9h e já se passaram duas horas. Meus familiares lá dentro disseram que está tudo lotado, não se tem uma organização", disse.

Em outro caso, o autônomo Francisco de Souza, de 46 anos, aguardava, com outras pessoas da família, do lado de fora por notícias. Ele disse que sua irmã conseguiu entrar para tentar encontrar o corpo da mãe no caminhão frigorífico que foi instalado. O sepultamento ainda não tinha sido realizado.

"O que tá acontecendo é desumano. Ninguém tem controle de mais nada, não sabem dizer onde está o corpo e a gente fica sendo feito de 'leso', correndo de um lado para o outro. E digo mais, não querem deixar vocês da imprensa entrar para não mostrarem a realidade, que está um caos", desabafou.

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