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CONHEÇA A ESCOLA DE FANZINE NA PERIFERIA DE MANAUS

Em uma pequena sala iluminada por janelas grandes, estudantes se reúnem ao redor de mesas abarrotadas de papel, lápis de cor, canetas, recortes de revistas e cola. O ambiente, que poderia ser facilmente confundido com um ateliê de arte, é na verdade uma escola de ensino fundamental, onde uma iniciativa criativa tem chamado a atenção.

Os fanzines, revistas ou panfletos de produção artesanal e independente, têm suas origens no século passado, quando eram usados ​​por fãs de quadrinhos, literatura, música ou movimentos culturais como forma de expressar ideias e compartilhar interesses. Hoje, essa mídia ganha força como ferramenta pedagógica em uma escola inovadora que encontrou no formato um caminho para promover o aprendizado e a liberdade de expressão.

A palavra "fanzine" vem da particularidade de "fan" (fã) e "magazine" (revista). Criados de forma independente, os fanzines não seguem regras tradicionais de edição ou publicação. Muitas vezes, são montados manualmente e depois reproduzidos em pequenas tiragens, utilizando fotocópias ou impressoras caseiras. Seu conteúdo pode ser variado, indo de histórias em quadrinhos a reflexões políticas, diários pessoais, poesias ou poesias.

No Instituto Carlos Chagas, situada no coração do bairro Cidade de Deus , os fanzines foram incorporados ao currículo escolar como parte de um projeto interdisciplinar. A proposta, idealizada pelo coordenador Francisco das Chagas, tem como objetivo fomentar a criatividade, a escrita e o pensamento. 


"Os fanzines são uma ferramenta incrível para que nossos alunos possam expressar sua criatividade e suas opiniões de forma livre e autônoma. Aqui na escola, incentivamos essa produção não apenas como uma forma de arte, mas também como um veículo de comunicação. É uma forma de dar voz a temas que muitas vezes não encontram espaço nos meios tradicionais, e os alunos acabam desenvolvendo tanto habilidades de escrita e ilustração quanto de trabalho em equipe e pensamento crítico", destaca Francisco Chagas. 

A cada semestre, um novo tema é proposto pela escola. Nas edições anteriores, os estudantes já abordaram assuntos como sustentabilidade, direitos humanos e cultura popular. Agora, o desafio da vez é criar fanzines sobre o meio ambiente, refletindo sobre o impacto das mudanças climáticas e a preservação.

O projeto começa com uma fase de pesquisa e brainstorming. Cada aluno ou grupo de alunos escolhe um subtema dentro da proposta geral. Eles, então, desenvolvem o conteúdo, que pode incluir textos, desenhos, colagens e até fotografias. O processo de criação é livre e cada edição tem um estilo único.

“A gente pode fazer do nosso jeito. Não precisa ser perfeito, mas tem que ser verdadeiro”, comenta Júlia, de 13 anos, que participa do projeto desde o início do ano. "Estou fazendo um fanzine sobre os rios da nossa cidade e como eles estão sendo poluídos. 

Após a fase de criação, os fanzines são montados fisicamente. Os alunos recitam e colam suas produções em folhas de papel, organizando cada página de acordo com o que desejam comunicar. Depois, as edições são fotocopiadas para que todos possam levar uma cópia para casa.


Benefício

A iniciativa já rendeu frutos visíveis. De acordo com a diretora da escola, Ana Clara Melo, os alunos levantaram um aumento significativo no interesse pela leitura e pela escrita. “Quando os estudantes são os autores de suas próprias publicações, eles se envolvem mais com a linguagem e com os temas trabalhados. 

Para além do desenvolvimento de habilidades acadêmicas, o projeto de fanzines também fortalece laços entre os alunos. Ao trabalhar em grupo e compartilhar suas criações, os estudantes têm a oportunidade de conhecer diferentes perspectivas e aprender a dialogar com o outro.

“Aprendi que as ideias dos outros também são importantes e que todo mundo pode contribuir com algo legal”, conta Lucas, de 12 anos, que colaborou com amigos na criação de um fanzine.

O sucesso do projeto de fanzines tem atraído a atenção de outras escolas da rede municipal, e a expectativa é que a iniciativa seja replicada em outras instituições. Além disso, a Escola Monteiro Lobato planeja organizar uma exposição aberta ao público, onde os fanzines criados pelos alunos serão selecionados para a

“O fanzine é uma forma de democratizar a expressão e permitir que cada aluno encontre sua própria voz”, conclui a professora Carolina. "Queremos que esse tipo de projeto se espalhe e que mais crianças e jovens possam se manifestar livremente.

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