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COMO O LIMITE DO ROTATIVO DO CARTÃO IMPACTA CONSUMIDORES E INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS


No mês passado, o cartão de crédito aparecia como principal problema para seis em cada dez pessoas que tinham contas atrasadas, segundo dados do Instituto Locomotiva.

A partir desta terça-feira (3), uma regra passou a limitar o teto para os juros dessa modalidade. Com a mudança, a dívida total (com juros) de quem atrasa a fatura do cartão não poderá ultrapassar o dobro do débito original. Até então, a taxa de juros do rotativo passava de 400%, uma das mais altas do mundo.

Para Otto Nogami, professor de Economia e Finanças do Insper, há duas formas de ver como o limite do rotativo do cartão impacta consumidores e instituições financeiras.

"Pelo lado financeiro, pelo lado do consumidor — como esse programa, né, vamos chamar assim —, faz parte de um projeto do governo para resgatar o crédito do consumidor. Então, tem um lado, vamos dizer assim, populista", diz ele em entrevista ao podcasts O Assunto desta quinta-feira (4).

"Por quê? Porque é uma maneira do governo agradar o consumidor, facilitar sua vida no que diz respeito ao acesso aos mais diferentes bens e serviços através do crédito."

Mas também, segundo ele, é preciso entender que esse projeto é "uma maneira do governo interferir nas relações de mercado", nas suas palavras.

"Mais especificamente, é interferir no preço do dinheiro ou seja na taxa de juros que incide sobre o crédito."

Segundo Otto, sob a ótica do mercado financeiro, essa intervenção, de alguma maneira, potencializa o risco das instituições financeiras.

"Por quê? A própria taxa de juros quer cobrada no rotativo do cartão de crédito tem embutido dentro dele uma uma taxa, vamos chamar assim, de risco comercial. Ou seja é o risco da inadimplência", diz ele.

"A partir do momento que há esse tipo de interferência, a tendência natural é que essas instituições comecem a ser mais seletivas na concessão do crédito. E isso, então pra minimizar o risco da operação, e isso de, alguma maneira, quer queira quer não, acaba prejudicando principalmente aquele consumidor que hoje é altamente dependente do cartão de crédito."

FONTE: G1 Podcasts

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