CONSUMIDOR ZERO: QUEM SÃO E COMO QUE SE COMPORTAM
Você provavelmente é um “consumidor zero”, assim como muita gente no Brasil e no mundo. Esse consumidor está preocupado com a inflação e tem visto seus gastos aumentarem mais do que a sua renda — zero folga no orçamento. Com menos dinheiro no bolso, ele está menos fiel às marcas, fazendo trade down ou experimentando novos formatos de compra em busca de bons preços — zero lealdade. E ele quer uma experiência omnicanal eficiente, mesclando o online e o offline — zero barreiras. Esse perfil está testando a resiliência das empresas de consumo e varejo, como mostra a nova pesquisa da McKinsey sobre o sentimento e os hábitos de quem compra, realizada periodicamente desde 2016, em 18 países. Os consumidores zero já são identificados de forma consistente em várias partes do mundo, e a nova edição do levantamento mostra que eles estão por aqui também.Zero folga no orçamento, mas zero baixo-astral Em todos os níveis socioeconômicos, os gastos domésticos cresceram de forma mais acelerada que a renda.
Embora preocupados com a alta de gastos, apenas 18% dos consumidores estão pessimistas diante da economia — zero baixo-astral. Apesar da queda de 4 pontos percentuais em relação a novembro de 2023, 38% dos brasileiros seguem otimistas e acreditam que a economia irá melhorar nos próximos três meses. Para metade dos entrevistados, a maior fonte de apreensão é a inflação: 49% mencionam o aumento dos preços como uma preocupação (12 pontos percentuais a mais em relação ao último levantamento). Aparece em segundo lugar o desemprego e, em terceiro, as mudanças climáticas. Desde o final do ano passado, sustentabilidade desponta na pesquisa entre as três fontes de preocupação mais citadas pelos consumidores do país. Algumas das inquietações variam de acordo com a renda. Os grupos socioeconômicos C2/D/E, por exemplo, relatam maior preocupação com o desemprego e a capacidade de pagar contas. E não é à toa, pois 40% dos respondentes desses grupos afirmam que utilizaram o cartão de crédito para cobrir despesas essenciais nos últimos 90 dias, enquanto outros 30% tiveram de lançar mão das suas economias.
Zero barreiras para comprar Não tem volta. Cada vez mais, consumidores exigem uma experiência que mescle o online e o offline para compras e engajamento. Após a aceleração impulsionada pela covid-19, porém, o crescimento de canais digitais mostra sinais de estabilização: aqueles que enchem o carrinho de forma online e omnicanal – ou seja, uma mistura de canais físicos e digitais – não saem da casa dos 50%, desde 2022. Para as compras realizadas exclusivamente via canais digitais, metade dos consumidores brasileiros prefere os marketplaces e os varejistas exclusivamente virtuais alcançam 36% das compras. Ainda assim, as lojas físicas seguem relevantes: são responsáveis por 48% das compras dos entrevistados e por 38% de suas pesquisas de preço, quesito em que são superadas pelos 62% que fazem cotações de forma online ou omnicanal.
A estratégia omnicanal, aliás, já fisga 63% dos brasileiros pertencentes às gerações Z e Millennial, em uma tendência que deve aumentar. Mais do que um zero à esquerda Como varejistas e empresas de bens de consumo podem dar match com os novos hábitos de quem compra? Abaixo, quatro táticas que têm sido adotadas por quem já vem investindo em conhecer — e agradar — seu consumidor. Experiência ´figital´: descontos no app para serem usados também nas lojas físicas, vendas via WhatsApp ou um game como ferramenta de engajamento frequente. Varejistas podem testar novas estratégias, com foco e atenção aos resultados, para buscar o amálgama perfeito entre os canais digitais e físicos. Ofertas variadas: com o consumidor zero abandonando produtos de nível “intermediário”, as empresas devem pensar em renovar suas ofertas premium, mas é importante deixar claras as vantagens de se desembolsar mais. Para atrair pessoas preocupadas com a inflação, um caminho é expandir o sortimento para itens acessíveis — produtos básicos que cumprem estritamente sua função — oferecendo opções novas de trade down sem prejuízo a margens nem canibalização com portfolio premium. Tudo personalizado: dada a falta de fidelidade à marca por parte do consumidor zero, a personalização muda o jogo.
Três a cada quatro entrevistados numa pesquisa da McKinsey disseram que receber comunicações personalizadas os tornava mais propensos a considerar uma marca e comprar um produto. Compra com propósito: o consumidor ainda não parece disposto a desembolsar uma quantia maior por um produto sustentável. No entanto, quando duas marcas têm preço similar, o consumidor pode estar mais propenso à marca que estiver mais alinhada com seus valores. Mudanças no comportamento de quem consome sempre apresentam desafios, mas também oportunidades. As empresas que não prestarem muita atenção nesse consumidor zero — investindo em obter os melhores aprendizados e em aplicá-los de forma rápida no mercado — correm o risco de se tornarem um zero à esquerda.
FONTE: Braziljournal
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