CONHEÇA O PROJETO INFORZINE - A VOZ DA PERIFERIA NO BAIRRO CIDADE DE DEUS; EM MANAUS

O fanzine, uma abreviação de "fan magazine", nasceu como uma forma de expressão de fãs de ficção científica no início do século XX, mas ao longo dos anos se expandiu para além de um nicho específico, tornando-se um instrumento de resistência cultural , voz para minorias e um veículo de criatividade. Os fanzines se popularizaram principalmente entre as décadas de 1970 e 1990, quando movimentos alternativos, como o punk, utilizaram esse meio como forma de subversão e disseminação de ideias.

Em Manaus o projeto funciona na periferia da zona Norte, no bairro Cidade de Deus há mais de 7 anos, sem recursos públicos somente com a boa vontade do presidente Jornalista Chagas Tardelly. O informativo possui o nome de Inforzine - A voz da periferia, e funciona dentro do Instituto Carlos Chagas oferecendo oficinas para mais de 30 adolescente de 8 anos aos 16 anos. 

Na essência, um fanzine é uma publicação independente, feita de maneira artesanal, muitas vezes à mão, e distribuída de forma limitada, geralmente para pequenos grupos de pessoas. Seu conteúdo é tão variado quanto seus criadores: pode incluir poesias, ilustrações, quadrinhos, artigos opinativos e reportagens sobre temas diversos como música, cinema, política ou cultura alternativa. Por ser uma mídia de baixo custo, o fanzine permite que vozes periféricas, geralmente ignoradas pelos grandes veículos de comunicação, encontrem espaço pa

Os fanzines são uma combinação única de texto e imagem, apresentando frequentemente um design experimental, colagens e estilos que rompem com os padrões da mídia convencional. A ausência de uma regra para a criação de um fanzine o torna um meio poderoso de expressão livre.

O Fanzine como Ferramenta de Inclusão Cultural

Projetos culturais que utilizam fanzines são uma forma de resistência e promoção da diversidade cultural. Um exemplo é o projeto Fanzinoteca , iniciativa de várias cidades brasileiras, que disponibiliza acervos de fanzines ao público e promove escritórios de criação. Esses projetos incentivam os jovens a se expressarem por meio de zines, conectando criatividade, política e resistência cultural.

“O fanzine é uma arma para quem não tem espaço nas mídias tradicionais”, explica Patrícia Cardoso, coordenadora de um projeto de fanzines em São Paulo. “Nas oficinas, conquistamos temas como identidade, cidadania e diversidade. Para muitos jovens, é a primeira vez que têm uma plataforma para se manifestar e ser ouvidos", destacou o produtor cultural Francisco Chagas. 

Esses projetos não apenas preservam a história do fanzine como movimento, mas também revitalizam a cultura do faça-você-mesmo, ao possibilitar que novos autores, artistas e ativistas encontrem um caminho para disseminar suas ideias. A produção dos zines envolve várias etapas colaborativas — da escrita ao design, impressão e distribuição, promovendo o aprendizado de diferentes habilidades criativas e técnicas.

Fanzines na Era Digital

Mesmo com o advento da era digital, o fanzine físico permanece vivo. A conexão tátil e a experiência de folhear uma publicação artesanal ainda exercem grande fascínio sobre os entusiastas. Contudo, o digital abriu novas portas para esse universo. Muitas iniciativas têm explorado os chamados e-zines , fanzines distribuídos em formato digital, que atingem um público ainda maior e cruzam fronteiras geográficas. Ferramentas de design e plataformas online permitem que a criação e distribuição sejam mais acessíveis.

Apesar da digitalização, o espírito de independência e a voz contracultural permanecem. As ideias continuam a fluir livremente, com fanzines abordando questões sociais e políticas de maneira crua e sem filtros.

Impacto Cultural e Social

O impacto dos fanzines nos projetos culturais vai além do papel e da tinta. Em um mundo cada vez mais dominado pela cultura de massa e pelo conteúdo mainstream, o fanzine se destaca como uma alternativa criativa e genuína. Ele oferece espaço para o ativismo, dá voz a comunidades marginalizadas e serve como um arquivo vivo de culturas sub-representadas.

Os fanzines também são uma importante ferramenta de alfabetização midiática, ensinando aos jovens e adultos o processo de criação, publicação e distribuição de conteúdo. Esses projetos têm sido fundamentais para construir redes de apoio dentro das comunidades, promovendo o empoderamento através da arte e da expressão.

O Futuro dos Fanzines

Embora os fanzines estejam constantemente se reinventando, sua essência permanece a mesma: uma forma de comunicação independente e acessível. Projetos culturais que utilizam fanzines para educação e ativismo continuam a crescer, especialmente em tempos de polarização e censura, onde a liberdade de expressão se torna cada vez mais essencial.

Ao dar visibilidade a artistas, escritores e ativistas que de outra forma não fizeram voz, os fanzines não apenas sobreviveram, mas também florescem como uma ferramenta de transformação cultural e social. Com o apoio de iniciativas educacionais e culturais, o fanzine continuará sendo um símbolo de resistência criativa e da importância de plataformas inclusivas para todas as formas de expressão.