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LINGUAGEM NO ANÚNCIO DE EMPREGO PARA O JORNAL MANAUS HOJE CAUSA BURBURINHO NA INTERNET


Um anúncio de emprego divulgado na redes sociais para uma vaga de repórter policial no Jornal Manaus Hoje, do grupo Rede Calderaro de Comunicação deu o que falar durante toda a semana em Manaus.

"Quer entrar para a história do jornalismo amazonense? Então o seu lugar é aqui! O Manaus Hoje está selecionando candidatos para a vaga de Repórter de Polícia! Se você não é da geração Nutella, não foi criado numa dieta à base de leite com pera, e também não tem nojinho de “presunto” e sangue, mande seu currículo para leandersonlima@acritica.com".


O anúncio causou bastante bafafá e problematizou uma grande parcela de internautas que leram o anúncio. O editor executivo Leanderson Lima, do Jornal Manaus Hoje usou sua rede social para justificar pelo o qual foi utilizado o tipo de linguagem para a vaga de emprego. Leia a baixo: 
Então, vamos falar da história do rebuliço do anúncio do Manaus Hoje. Não tive como fazer isso antes porque eu trabalho, minha gente, e muito!

Isso não é uma resposta para quem gostou, não gostou ou quem só achou 'pesado'. O endereço aqui é a turma da lacração que ficou fazendo textão para problematizar o anúncio. 

Gostar ou não gostar faz parte do jogo. Mas ataque de pelanca a gente responde, sim! Embora algumas pessoas nem mereçam o esforço, já que têm por hábito defender condenados e organizações criminosas. Não dá pra levar à sério esse tipo de gente, né?!

Vamos ao tópicos:

1) É preciso aprender a diferença entre jornalismo e um anúncio em rede social. Aprendi isso na faculdade onde também estudei publicidade e propaganda. Um anúncio, não é um tratado, não é uma tese para explicar a origem da vida. Ele tem que ser objetivo, tem que chamar atenção e conseguir capturar o público alvo. Ele tem que dizer em poucas palavras também o que vc quer. No meu caso, queria um repórter de polícia que não fosse "Nutella". Não dá pra ter na função uma pessoa que vai desmaiar no trabalho ou algo assim, não é mesmo? Por isso tinha logo aquele "pé grande" em um necrotério no anúncio para mostrar o que vem pela frente. Nobres colegas recém saídos da faculdade - ou que ainda estão nela -, vcs não vão encontrar em uma ronda policial pôneis fofos e saltitantes, duentes e criaturas mágicas. Esqueça o que romantizaram para vcs na universidade. 

A verdade é que entre mortos e feridos, o objetivo do anúncio foi alcançado. Isso é comunicação! Quase 70 currículos na caixa de e-mail. Tenho certeza que vou achar alguém pra vaga e ainda vou criar um belo cadastro de reserva. 

2) Vcs falam de como o jornalismo popular deveria ser, mas querem enganar quem? Nunca gostaram de nada popular. Nunca gostaram de povo! Uma turma que sempre detestou cobrir buraco pq "não estudou pra isso". É gente que nunca foi a um "rala bucho" nem por curiosidade antropológica. Apenas pare de dizer que se importa com este público. Pare!

Também pare de dizer que acha que sabe o que se publica em um jornal popular, pq se vc se desse ao trabalho de ler o jornal, de pesquisar, saberia que no Manaus Hoje, por exemplo, se fala de emprego e renda, diversão, diversidade, culinária, de esporte comunitário, enfim, de um monte de coisas que existem no mundo além das paredes de seu apartamento e dos discos de Chico Buarque.

3) Também pare com essa mania feia de querer "passar" currículo na cara dos outros. Freud explica essa necessidade de autoafirmação em tempo integral. Estude sobre o tema. Melhor, faça uma terapia.  
Quem é bom sabe que é bom. Quem apela para o marketing pessoal o tempo todo, como diria o filósofo Luiz Felipe Pondé: "É porque tá na merda..."

4) Jovens, existem dois tipos de pessoas no mundo: aquelas que fazem e aquelas que falam daqueles que fazem. Eu escolhi meu lado ainda muito jovem. Eu quero estar do lado de quem produz, de quem faz a roda girar.
Eu quero desenvolver pessoas e não enterrá-las. 

5) Agora vou falar de uma questão pessoal: Eu poderia ter feito um anúncio simples e direto 'Jornal tal contrata repórter de polícia'. Não ia doer nada, mas eu sinto muito, eu não sei fazer nada do que jeito do jeito "normal". E não tô me vangloriando disso, pq às vezes isso até é um problema. Eu sempre quero fazer melhor, sempre quero fazer diferente. Eu sou assim desde pequeno. Eu quero novidade, eu quero experimentar, eu quero ousadia. Por isso coloquei no anúncio a pergunta "Quer entrar para a história do jornalismo amazonense"? 

Curioso é que ninguém falou sobre isso. O motivo eu sei. 

Educação no Brasil é voltada ao emprego. Sobrevivência. Não se fala de inovação. Não se cria nada novo. Ninguém estimula o jovem a fazer história. Apenas se repete aquilo que já foi dito ao padrão "somos os mesmos e vivemos como nossos pais". 

A crise no jornalismo não é só uma crise de modelo de consumo de informação. A crise é também de conexão com a realidade. E isso começa na universidade. 

Analistas vivendo em bolhas. Gente que acha que Manaus só vai até a bola do Coroado...

Acorda, Alice!Sai da bolha!

Peço desculpa se isso é ofensivo, mas ataque de pelanca não dá para aguentar!
Então, jovens, não sou professor e nem quero ser. Mas vou deixar um conselho aqui. Espero não precisar ter que desenhar e nem explicar o desenho: Apenas façam a diferença! Ninguém paga preço de caviar para comer feijão com arroz.

Leandro Lima

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